Por: Rafaela Paes
O presente artigo tem como objetivo a demonstração das primeiras manifestações que culminaram no advento da Doutrina Espírita. Conforme mencionado no item III da Introdução de O Livro dos Espíritos, é importante nos lembramos ou conhecermos “a série progressiva dos fenômenos que deram nascimento a esta Doutrina”.
O primeiro fenômeno noticiado foi o dos objetos que eram colocados em movimento, ao que convencionou-se chamar de “mesas girantes” ou “dança das mesas”. Esse movimento era acompanhado de ruídos e pancadas sem qualquer causa aparente. Da América, o fenômeno se propagou pela Europa e demais partes do mundo. Embora houvesse certa incredulidade, a quantidade de experiências ocorridas, aos poucos, passou a não deixar mais espaço para quaisquer tipos de dúvidas (item III da Introdução de O Livro dos Espíritos).
Nessa primeira fase, por assim dizer, os movimentos, os ruídos, as pancadas, todos podiam ser plenamente explicados pela física. Entretanto, o que acontecia era que os movimentos eram “bruscos, desordenados, o objeto violentamente sacudido, tombado, levado numa direção qualquer e, contrariamente a todas as leis da estática, levantado da terra e mantido no espaço” (item III da Introdução de O Livro dos Espíritos). Após período de descrença e constantes alegações de fraudes, passou-se a aventar a intervenção de uma causa inteligente.
Num segundo momento, iniciaram-se as manifestações inteligentes, que ocorriam “por meio de mesas se levantando e batendo, com um pé, um número determinado de pancadas e respondendo desse modo, por sim e por não, segundo a convenção, a uma questão posta” (item IV da Introdução de O Livro dos Espíritos).
Com o passar do tempo, o que podemos chamar de terceiro momento, as respostas de tais batidas passaram a ser desenvolvidas por meio de letras do alfabeto: “o objeto móvel, batendo um número de pancadas correspondentes ao número de ordem de cada letra, chegava assim a formular palavras e frases que respondiam às questões propostas. A precisão das respostas, sua correlação com a pergunta, aumentara, o espanto. O ser misterioso, que assim respondia, interrogado sobre a sua natureza, declarou que era um Espírito ou gênio, se deu um nome e forneceu diversas informações a seu respeito” (item IV da Introdução de O Livro dos Espíritos).
Posteriormente, numa quarta “fase”, os Espíritos aconselharam que fosse adaptado um lápis a um cesto ou outro objeto. “Esse cesto, pousado sobre uma folha de papel, se pôs em movimento pela mesma força oculta que faz mover as mesas. Mas em lugar de um simples movimento regular, o lápis traça, por ele mesmo, caracteres formando palavras, frases e discursos inteiros de várias páginas, tratando das mais altas questões de filosofia, de moral, de metafísica, de psicologia, etc., e isto com tanta rapidez como se o fosse escrito com a mão” (item IV da Introdução de O Livro dos Espíritos).
Um quinto momento foi o que culminou na substituição do cesto por uma prancheta para a continuação das manifestações (item IV da Introdução de O Livro dos Espíritos).
Mais tarde, no que chamemos de sexta e última “fase”, verificou-se que o cesto ou a prancheta apenas “formavam, senão, um apêndice da mão, e o médium, tomando diretamente o lápis, se pôs a escrever por um impulso involuntário e quase febril [...] a experiência, enfim, fez conhecer várias outras variedades na faculdade medianímica, e, soube-se que as comunicações poderiam igualmente ter lugar pela palavra, pelo ouvido, pela vista, pelo tato, etc. e mesmo a escrita direta dos Espíritos, quer dizer, sem o concurso da mão do médium, nem do lápis” (item V da Introdução de O Livro dos Espíritos).
Portanto, resume-se o estudo de hoje com seis fases distintas de experiências que culminaram na Doutrina Espírita: a fase das mesas girantes, fase em que as mesas davam respostas, ainda por seu movimento, designando sim e não, a fase em que as mesmas mesas passaram a responder com letras, ou seja, batendo no número de vezes que correspondesse a elas, a fase em que passou-se a utilizar o cesto e o lápis, posteriormente, a prancheta e o lápis, e, por fim, o momento em que verificou-se que o cesto e a prancheta não eram necessários, passando-se a receber as comunicações pelas mãos do médium munido de um lápis, o que resultou no conhecimento das mais diversas formas de mediunidade.
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