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A importância da evangelização espírita juvenil


Por: Maria Thereza dos Santos Pereira


Este ano de 2019, a cidade de Marília, interior de São Paulo, passou a ser a umas das cidades com maior índice de suicídio do país, chegando em 2º lugar no ranking estadual (PORTAL MARILIENSE, 2019).

Apesar de apresentar um problema aparentemente regional, é de comum conhecimento que o suicídio cresce em todo mundo.

Relatando um pouco daquilo que vivenciamos na referida cidade este ano, a cada período de tempo, em qualquer roda de amigos, na pausa para o café ou conversa em família, chegava a notícia que algum conhecido havia praticado o suicídio. Infelizmente, o que mais intrigava, é que se tratava de pessoas jovens e, aparentemente felizes.

Bastava uma olhadela nas redes sociais dessas pessoas que, em boa parte, ostentava pouca idade, corpos perfeitos, viagens, festas, roupas de marca e vidas esplendorosas.

Especialistas na área de psicologia atribuíram como uma das causas a utilização demasiada da tecnologia para demonstrar uma vida perfeita e disseminação de apologias extremistas sobre a morte (PORTAL MARILIENSE, 2019).

Obviamente não se pode atribuir todos os casos de suicídios à tecnologia, mas o seu uso indiscriminado, sua utilização cada vez mais precoce e por mais tempo, é um fator determinante. Cada vez mais cedo os jovens estão interagindo em seus celulares, em detrimento ao convívio familiar e social físico.

Tanto é verdade que em pesquisa recente, foi constatado que a geração Z, formada por jovens de até 22 anos, ficam em média meia hora a mais interagindo virtualmente do que a geração anterior Y, nascida até 1995, formada por pessoas com aproximadamente 30 anos. Os brasileiros estão cada vez mais precoces, pois ganham seus primeiros celulares aos 8 anos de idade, enquanto 60% da América Latina ganha aos 12 anos (VALOR ECONÔMICO, 2018).

Assim, para combater a depressão, ansiedade e todas as outras doenças psíquicas é fundamental o tratamento médico. Todavia, o cuidado espiritual, é igualmente imperativo, desde o início da vida, tendo em vista os diversos danos que podem trazer ao períspirito em tentativa, inclusive levando a pessoa acabar com a própria existência, se não entender que a vida eterna e a verdadeira felicidade não experimentaremos aqui, nesta vida e planeta.

Naturalmente os primeiros passos ao ensino religioso é conduzido pela própria família, porém isso não é sempre possível por motivos diversos, seja por questões de transformação hormonal do adolescente, seja pela preocupação demasiada dos pais em prover bens materiais aos filhos ou o sustento mínimo para atender as necessidades fisiológicas da família. Ainda, pela falta de tempo para questões espirituais e, consequentemente, sendo ausente na rotina do filho, propiciando terreno fértil à inserção do adolescente no mundo virtual, ou ainda pais e adolescentes que não se entendem por questões pendentes de outras vidas, não trabalhadas suficientemente até aquele momento para conseguirem nesta existência se comunicar com assertividade e edificar a família com conhecimento de amor, paz, caridade e união.

Assim, não sendo possível sempre com facilidade o diálogo no seio familiar pelo momento de vida de cada um, e questões diversas casuísticas entre aqueles que estão mais próximos, e que aceitam o dever de zelo para com a prole, o que dirá conduzi-la à espiritualidade?

Neste mundo que as pessoas estão cada vez mais sozinhas, potencializada a solidão pela superveniência do uso da tecnologia, é importante cuidar das relações humanas e, que se não se estabelecem dentro de casa, que sejam promovidas em outro lugar em que a mocidade se sinta bem, livre para conversar, se expressar, conhecer, aprender e propagar o conhecimento para com aqueles que se identificam pelo mesmo momento de vida e interesses comum.

Eis a importância de haver um setor específico dentro das casas espíritas para que o jovem possa compartilhar experiências com outros jovens, espíritos encarnados que vivenciam a mesma fase na Terra e que possuem a mesma forma de comunicação, as mesmas dificuldades da transformação do corpo da infância à fase adulta, principalmente, poder estudar a doutrina, praticar a caridade para ensinar e aprender reciprocamente entre si, dentro de um ambiente propício e favorável à intuição dos espíritos de luz que na casa espírita trabalham.

Havendo este lugar que os jovens sejam acolhidos, abraçados, que se sintam fortalecidos na prevenção e tratamento de ansiedade, depressão, que podem levar ao suicídio, podemos combater esse mal social.

Ademais, que na casa espírita esses jovens sejam tão levados a sério como qualquer outro trabalhador, de quaisquer outros setores, dada a importância de propagar desde a mais tenra idade de que a promessa de vida eterna é real e não é deste mundo, porém encurtar a existência, em vez de passar pelas provas a que todos são submetidos, não nos aproximar da felicidade, ao contrário, pode nos afastar dela, segundo os preceitos cristãos.

Afinal, apesar da tenra idade corporal, está claro que tais espíritos são evoluídos e maduros suficiente para estarem trilhando no caminho da verdade dentro de uma casa espírita, sendo o corpo físico, e sua idade, apenas o invólucro de um espírito tão bonito que é aquele que se dispõe ajudar seu semelhante, seja com uma palavra de conhecimento, caridade ou qualquer outra atividade inerente da juventude que consiga tocar o coração do próximo com teatro, música, poesia e diversas formas de expressão, trazendo a verdade dentro da mocidade.

No Brasil, esse movimento de evangelização juvenil ganhou notoriedade em 1932, momento em que os moços da cidade de São Paulo/SP passaram a se unir para estudar o espiritismo, no Centro Maria de Nazareth, sendo que antes disso já há notícias de jovens espíritas que se juntaram para conhecer e promover a doutrina em diversos lugares do Brasil e do mundo, bem como praticá-la e levá-la para suas vidas cotidianas (REVISTA SENSO, 2017).Se à época já se considerava um movimento relevante, imagine nos tempos atuais com a agravante da tecnologia facilitadora da pressão pela vida perfeita e dados assustadores como estes divulgados?

Portanto, desde cedo é importante fazer o espírito entender que vida futura é o fim que se designa toda a humanidade, e que deve ser objeto das principais preocupações no homem na Terra, conforme O Evangelho Segundo o Espiritismo (KARDEC, 2018, p. 37), pois nela que se baseia toda a doutrina de Cristo, devendo todos auxiliar na disseminação deste conhecimento, prática dessas lições em preservação do espírito encarnado e apoio à evolução mocidade, que são o nosso futuro!

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Referências:

KARDEC, Allan; Tradução de Matheus Rodrigues Camargo. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 43ª reimp. São Paulo: Editora EME, 2018.

PORTAL MARILIENSE. 2019. Marília tem o 20 maior índice de suicídio no estado. Mas, de cada 10 em risco, 9 se salvam, diz psicóloga. Disponível em: http://portalmariliense.com/portal/marilia-tem-2o-maior-indice-de-suicidio-no-estado-mas-de-cada-10-potenciais-9-se-salvam-diz-psicologa/, acesso em: 15/11/2019.

REVISTA SENSO. 2017. Juventude Espírita. Disponível em: https://revistasenso.com.br/2017/10/25/juventude-espirita/, acesso em: 15/11/2019.

VALOR ECONÔMICO. 2018. Ansiedade e frustração marcam a geração Z. Disponível em: https://valor.globo.com/empresas/coluna/ansiedade-e-frustracao-marcam-geracao-z.ghtml, acesso em: 15/11/2019.

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