Por: Sthephannie Silva
Aceitar o que não aceito pode ser um dos exercícios mais difíceis da atualidade. Vivemos em uma era em que somos constantemente bombardeados com informações, ideias e opiniões variadas, o que pode nos fazer sentir sobrecarregados e desafiados em nossas convicções. Nesse contexto, a aceitação torna-se um processo fundamental para a saúde mental e o bem-estar emocional. Aceitar o que não aceitamos não significa desistir de nossas crenças ou concordar com algo com o qual não estamos de acordo. Trata-se de reconhecer que nem sempre podemos controlar ou mudar todas as situações e que há coisas que não estão sob nosso domínio. Aceitar o que não aceitamos envolve aprender a lidar com frustrações e situações adversas de maneira construtiva.
Por que é um exercício difícil?
Resistência natural: Nossa tendência humana é resistir a situações ou ideias que não se alinham com nossas próprias crenças ou desejos. Aceitar o que não aceitamos exige superar essa resistência natural.
Desconforto emocional: Aceitar algo que não concordamos pode nos causar desconforto emocional, pois pode mexer com nossas certezas e segurança.
Crenças: Quando temos crenças profundamente enraizadas, a aceitação de ideias ou situações contrárias pode ser especialmente difícil.
Pressão social: Em alguns casos, pode haver pressão para se alinhar com a opinião dominante ou rejeitar ideias diferentes, o que torna o processo de aceitação ainda mais desafiador.
O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a Lei de Justiça, de Amor e de Caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria. Sabe que sem a sua permissão nada acontece e se lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar (KARDEC, 2023, p. 211, item 3).
Estratégias para praticar a aceitação
Autoconhecimento: Conhecer a si mesmo e suas próprias crenças é um primeiro passo importante. Isso nos ajuda a entender por que rejeitamos certas ideias ou situações.
Praticar a empatia: Tentar se colocar no lugar do outro pode facilitar a aceitação de pontos de vista diferentes dos nossos.
Cultivar a mente aberta: Estar aberto a novas ideias e perspectivas pode ampliar nossa visão de mundo e nos ajudar a aceitar o que não aceitamos inicialmente.
Respeitar o direito à diferença: Entender que as pessoas têm o direito de ter opiniões e crenças diferentes das nossas é fundamental para a aceitação.
Focar no que está sob nosso controle: Aceitar que há coisas que não podemos controlar pode nos libertar da frustração e nos permitir concentrar energia no que está ao nosso alcance.
Adolescência
A adolescência é um período de transição que traz consigo uma série de desafios e problemas que os jovens podem enfrentar. É uma fase marcada por mudanças físicas, emocionais e sociais, além de busca por identidade e independência. Estes desafios podem levar os jovens a comportamentos de risco, como o uso de álcool e drogas, para lidar com sentimentos de vazio e desconforto.
Problemas comuns na adolescência
Mudanças físicas e emocionais: Durante a adolescência, os jovens passam por transformações significativas em seus corpos e emoções. Isso pode gerar inseguranças e preocupações com a autoimagem.
Pressão social: A pressão para se adequar a padrões de comportamento, aparência e estilo de vida pode ser intensa. Os jovens podem sentir a necessidade de se encaixar em determinados grupos.
Busca por identidade: A busca por autoconhecimento e definição de identidade é um desafio típico dessa fase. Os jovens podem experimentar diferentes estilos e atitudes enquanto tentam descobrir quem são.
Desempenho acadêmico: As exigências acadêmicas podem ser estressantes e os jovens podem ter dificuldade em lidar com a pressão para ter sucesso.
Por que os jovens não buscam conversar sobre seus problemas?
Vergonha ou medo de julgamento: Muitos jovens temem ser julgados ou criticados por suas preocupações, o que os leva a se fechar em vez de buscar ajuda.
Sentimento de inadequação: Podem se sentir diferentes ou inadequados em relação aos outros, o que os desencoraja a falar sobre seus problemas.
Dificuldade em expressar emoções: Nem todos os jovens têm as habilidades necessárias para verbalizar seus sentimentos e problemas.
Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos! Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma! Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade! Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero! Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles (KARDEC,2023 p. 70, item 4).
Os sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, como os que se originam de culpas atuais, são muitas vezes a consequência da falta cometida, isto é, o homem, pela ação de uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros. Se foi duro e desumano, poderá ser a seu turno tratado duramente e com desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer em humilhante condição; se foi avaro, egoísta, ou se fez mau uso de suas riquezas, poderá ver-se privado do necessário; se foi mau filho, poderá sofrer pelo procedimento de seus filhos etc. Assim se explicam pela pluralidade das existências e pela destinação da Terra, como mundo expiatório, as anomalias que apresenta a distribuição da ventura e da desventura entre os bons e os maus neste planeta. Semelhante anomalia, contudo, só existe na aparência, porque considerada tão só do ponto de vista da vida presente. Aquele que se elevar, pelo pensamento, de maneira a apreender toda uma série de existências, verá que a cada um é atribuída a parte que lhe compete, sem prejuízo da que lhe tocará no mundo dos Espíritos, e verá que a Justiça de Deus nunca se interrompe (KARDEC, 2023, p. 73, item 7).
A empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro e compreender seus sentimentos e perspectivas. Quando os jovens não desenvolvem esta habilidade, podem ter dificuldade em respeitar as diferenças. Isso ocorre porque eles podem não compreender os desafios, necessidades ou experiências únicas de outras pessoas. Além disso, a falta de empatia pode levar a julgamentos apressados e incompreensão. Sem empatia, os jovens podem desconsiderar ou menosprezar as experiências dos outros, resultando em comportamentos discriminatórios ou preconceituosos.
A insegurança pessoal pode ser um grande obstáculo para respeitar as diferenças dos outros. Quando os jovens não têm confiança em si mesmos, podem sentir-se ameaçados por aqueles que são diferentes ou têm opiniões divergentes. Essa insegurança pode levar à projeção de sentimentos negativos sobre as diferenças dos outros, como religião, raça, orientação sexual ou estilo de vida. Além disso, jovens inseguros podem buscar validação em grupos que compartilham crenças ou comportamentos discriminatórios, reforçando suas próprias inseguranças. É importante trabalhar a autoestima dos jovens para que possam respeitar e acolher a diversidade com mais segurança e confiança.
O medo do desconhecido é uma resposta natural ao lidar com culturas, orientações ou estilos de vida diferentes. Esse medo pode se manifestar como rejeição ou desrespeito às diferenças, pois os jovens podem não saber como lidar com aquilo que não conhecem ou compreendem. O desconhecimento pode levar a suposições erradas ou preconceitos sobre outras pessoas ou grupos.
Os estereótipos são generalizações simplificadas sobre grupos de pessoas e podem ter uma influência negativa significativa sobre como os jovens enxergam as diferenças dos outros. Quando os jovens são expostos a estereótipos, eles podem adotar essas visões preconceituosas e aplicá-las a indivíduos ou grupos diferentes. Isso pode levar a julgamentos errôneos e à discriminação. A influência dos estereótipos pode ser reforçada por meio de mídia, redes sociais ou até mesmo por amigos e familiares. É importante educar os jovens sobre os perigos dos estereótipos e incentivá-los a questionar essas generalizações, promovendo uma visão mais equilibrada e respeitosa das diferenças humanas.
A Espiritualidade pode fornecer uma perspectiva mais ampla sobre a vida, ajudando as pessoas a enxergar as adversidades como parte de um caminho maior ou uma jornada de aprendizado. Ao considerar que as experiências são passageiras e têm um propósito mais profundo, as pessoas podem encontrar uma maior aceitação das circunstâncias desafiadoras.
Práticas Espirituais como meditação e oração podem ser ferramentas eficazes para promover a aceitação. A meditação ajuda a acalmar a mente, reduzir a ansiedade e cultivar a atenção plena, permitindo que as pessoas vivenciem o momento presente sem julgamento. A oração pode oferecer conforto e uma sensação de conexão com o Divino ou uma Força Superior, ajudando a enfrentar os desafios com maior serenidade. Ambas as práticas podem ser meios de se reconectar com si mesmo e com o propósito maior. Muitas tradições espirituais promovem valores de compaixão, empatia e amor ao próximo. Estes valores podem ajudar as pessoas a aceitarem as diferenças e a tratar os outros com respeito e dignidade. A prática desses valores pode também promover a aceitação de si mesmo, incluindo falhas e imperfeições. Isso pode levar a uma vida mais harmoniosa, com menos julgamentos e críticas, e mais compreensão e aceitação das experiências humanas diversas.
A Espiritualidade muitas vezes se manifesta em comunidades que oferecem apoio emocional e social. Este apoio pode ser uma fonte de conforto para aqueles que enfrentam dificuldades e podem precisar de orientação ou um ambiente acolhedor. A comunidade pode ajudar a criar um espaço seguro para expressar medos, dúvidas e incertezas, promovendo a aceitação das próprias circunstâncias e desafios. Além disso, pode fornecer um sistema de apoio que incentiva o crescimento pessoal e a resiliência.
O cultivo de gratidão é uma prática comum no Espiritismo. Ao focar nas bênçãos e nas coisas pelas quais se é grato, as pessoas podem desenvolver uma perspectiva mais positiva e aceitar melhor as adversidades. A gratidão pode trazer contentamento e satisfação com o que se tem, em vez de se concentrar no que falta. Essa mudança de perspectiva pode levar a uma maior aceitação das circunstâncias da vida e a uma postura mais otimista diante dos desafios.
Embora seja desafiador, aprender a aceitar o que não aceitamos pode trazer maior equilíbrio emocional e uma sensação de paz interior. Além disso, pode promover um mundo mais tolerante e inclusivo, onde as diferenças sejam respeitadas e valorizadas. A Espiritualidade pode oferecer várias ferramentas e perspectivas que promovem a aceitação em diferentes aspectos da vida. Seja por meio de práticas meditativas, valores de compaixão, ou apoio comunitário. É importante que famílias, escolas e a sociedade forneçam apoio e orientações adequadas para ajudar os jovens a navegar por esse período delicado com resiliência e respeito mútuo.
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Referência:
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, tradução Guillon Ribeiro – 1ª edição nov. 2023 – Campos dos Goytacazes/RJ - Editora Letra Espírita.
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