Por: Edwin Netzel
A frase “De onde viemos, para onde vamos” gerou livros, títulos, teses e até filmes que abordavam o tema como ficção ou que carregavam a responsabilidade da doutrinação. As visões com explicações são inúmeras, pergunte ao médico, ao professor, ao padeiro ou na igreja mais próxima da sua casa.
Há nos paradigmas tradicionais extremas polaridades chamadas bem e mal que nos lançam uma visão do nosso destino pós vida como céu e inferno, trabalhando com o período denominado eternidade.
Segundo o espiritismo há mais do que isso e julgar o destino da alma humana nunca foi a responsabilidade dos homens que não possuem ferramenta ou consciência suficiente para analisar o ser, seu passado, suas obras ou pensamentos e dizer com exatidão seu destino.
Allan Kardec nosso codificador também fez esta pergunta em meados de 1850 e obteve resposta positiva que veremos no decorrer deste texto. Mais tarde o Brasil também veio a ter o tema levantado, não pela primeira vez, porém de forma muito conhecida e acessível através do livro Nosso Lar, obra psicografada pelo médium brasileiro Chico Xavier, atribuída ao espírito André Luiz.
Ao longo de nossas vidas este corpo material está atrelado ao espiritual assim como nosso mundo também está, como uma cópia inferior, mas está. Em “O Livro dos Espíritos” Allan Kardec faz o seguinte questionamento a respeito da união entre o corpo material e o corpo espiritual, segue abaixo.
25 - O espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som o é do ar?
R.: São distintos uma do outro; mas, a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.
25a - Essa união é igualmente necessária para a manifestação do espírito? (entendemos aqui por espírito o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades que por esse nome se designam.)
R.: É necessária a vós outros, porque não tendes organização apta a perceber o espírito sem a matéria. A isto não são apropriados os vossos sentidos.”
Sendo assim, como existe uma união aqui neste plano, há também uma separação destes corpos e a continuação da vida sem o corpo material. Mas para onde?
O espiritismo acredita nas colônias espirituais como próximo destino sim, também como apoio aos desencarnados, lugar de cura, ensinamento e muito mais. Além de existir lá tudo que há aqui só que melhor.
As colônias espirituais são projetadas, construídas e funcionam de acordo com os hábitos, pensamentos e gostos de seus habitantes. Engana-se quem as vê como um descanso eterno, seus papeis são muitos na cooperação pela evolução e há locais para descanso também, mas certamente este descanso não será eterno. Algumas colônias existem e cooperam através da pesquisa cientifica, outras estão preparadas para socorrer os necessitados e assim todos serão amparados ou poderão ali trabalhar com o que estiverem aptos a aprender ou exercer.
No livro “Nosso Lar” André Luiz narra através de Chico Xavier que ao chegar na colônia após seu desencarne sente a necessidade de produzir como fazia na terra, ou seja, trabalhar ajudando assim como ele foi ajudado. Embora fosse um médico de muito prestigio não estaria pronto ainda exercer a medicina na espiritualidade:
“Não conhecia tais noções de responsabilidade profissional. Assombrava-me a interpretação do título acadêmico, reduzido à ficha de ingresso em zonas de trabalho para cooperação ativa com o Senhor Supremo. Incapaz de intervir, aguardei que o Ministro do Auxílio retomasse o fio das elucidações.
– Conforme deduz - continuou ele -, não se preparou convenientemente para os nossos serviços aqui.
– Generoso benfeitor - atrevi-me a dizer -, compreendo a lição e curvo-me à evidência.
E, fazendo esforço por conter as lágrimas, pedi, humilde:
– Submeto-me a qualquer trabalho, nesta colônia de realização e paz.”
Segundo André Luiz, no ano que descreveu como era Nosso Lar, moravam lá cerca de um milhão de habitantes, compartilhando muito trabalho tanto dentro da colônia como fora, com uma hierarquia e ministérios organizadíssimos além de uma economia evoluída e realmente funcional.
Assim como muitas outras, esta cidade espiritual, é para onde os espíritos são direcionados e socorridos de várias partes do umbral e da crosta terrestre, é dependente de gigante rede viária, meios de transporte, arborização, praças, teatros, hospitais, escolas e outros.
Além de Nosso Lar e muitas outras Colônias que existem no Brasil e no mundo, através de Divaldo Franco no livro Além da Morte pudemos conhecer a colônia Redenção.
Situadas no leste da Bahia, se olhássemos um mapa ela pareceria triangular, seu espaço envolve um pouco de Salvador, Alagoinhas e Feira de Santana. De grande referência no plano espiritual sua aparência é o de uma cidade arquitetada, alegre e grande. Porém sua referência não se dá apenas por sua beleza e sim porque vem prestando serviços de amparo, socorro e assistência, em nome de Jesus, há quase cinco séculos. O centro da Colônia, parece um campo bem cuidado e lindo. Mas na verdade é um laboratório fluídico, que beneficia toda a colônia e distribui seus fluidos através de suas equipes de socorrista em nosso planeta. Esse processo cientifico é natural, sem aparelhos e máquinas, jorrando energias positivas e tratando outros tipos de energia.
Se a divisão de seus morados é feita de acordo com o tipo de indivíduo e seus pensamentos, não poderia deixar de existir lugares e trabalhos ruins, assim como o estado momentâneo de muitos seres humanos também.
Para o espiritismo essas colônias existem de acordo com informações enviadas pelos próprios espíritos. Na questão 234 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec perguntou aos Instrutores, em - Mundos Transitórios - sobre questionamentos ligados à “Vida Espírita”:
234 – “Há de fato, como já foi dito, mundos que servem de estações ou pontos de repouso aos Espíritos errantes?
Resposta - “Sim, há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que lhes podem servir de habitação temporária, espécies de bivaques de campos onde descansem de uma demasiada longa erraticidade, estado este sempre penoso. (...)
São graduais as informações recebidas dos Espíritos Superiores à humanidade até porque em 1857 não seria nada fácil falar de cidades de Espíritos errantes, ou seja, de Espíritos que aguardam próxima chance na reencarnação até alcançarem à espiritualidade necessária, morando em colônias arquitetadas em edificações de natureza sólida só que na atmosfera terrestre sobre campo fértil e vegetação, com muita semelhança ao que vemos na terra, uma vez que os ensinamentos predominantes da época era lugares com ruas de ouro e descanso eterno para os bons. Claro que os planos para Allan Kardec eram maiores do que ser queimado em uma fogueira reacendida então os próprios espíritos cuidaram com cada informação de acordo com o que a sociedade terrena estava pronta para receber naquele ano.
Por este motivo, foram de extrema importância no Brasil obras como Nosso Lar. Quando se pretende falar de vida ou novas mensagens, todos com ensinamentos que chegaram ao mundo através de Chico Xavier mas que vieram de seres que viram a vida lá das cidades espirituais e tiveram a missão de compartilhar visando nossa evolução através do conhecimento.
A conclusão é que as colônias existem sim, e estão em trabalhos constantes amparando e ensinando aqueles que estão nesta caminhada e ciclos de aprendizagem. “Tudo é uma cópia melhorada do que temos na Terra. A vida na Terra é que é uma cópia daqui, André.", disse o Espírito Lísias, no livro Nosso Lar
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Referências:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Matheus Rodrigues de Camargo, 1ª ed. 22ª reimpressão. Capivari-SP: Editora EME
FRANCO, Divaldo, Espírito Otília Gonçalves, Além da Morte - Editora Leal
XAVIER, Francisco Cândido, Espírito André Luiz - Nosso Lar – FEB Editora
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