Por: Keity Jeruska Alves dos Santos
Vivemos atualmente o momento de transição do nosso planeta, de Mundo de Provas e Expiações para Mundo de Regeneração. Deste modo, as preces se fazem cada vez mais necessárias, tanto por nós mesmos, como pela nossa Terra e pelos nossos seres amados, estejam eles encarnados ou desencarnados.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, temos um capítulo todo dedicado à compreensão da importância da prece. Debrucemo-nos, porém, sobre a análise do trecho que segue, de lá retirado:
A prece é uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige. Pode ter por objeto um pedido, um agradecimento, ou uma glorificação. Podemos orar por nós mesmos ou por outrem, pelos vivos ou pelos mortos. As preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de suas vontades; as que se dirigem aos bons Espíritos são reportadas a Deus. Quando alguém ora a outros seres que não a Deus, fá-lo recorrendo a intermediários, a intercessores, porquanto nada sucede sem a vontade de Deus.
O Espiritismo torna compreensível a ação da prece, explicando o modo de transmissão do pensamento, quer no caso em que o ser a quem oramos acuda ao nosso apelo, quer no em que apenas lhe chegue o nosso pensamento. Para apreendermos o que ocorre em tal circunstância, precisamos conceber mergulhados no fluido universal, que ocupa o Espaço, todos os seres, encarnados e desencarnados, tal qual nos achamos, neste mundo, dentro da atmosfera. Esse fluido recebe da vontade uma impulsão; ele é o veículo do pensamento, como o ar o é do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, ao passo que as do fluido universal se estendem ao infinito. Dirigido, pois, o pensamento para um ser qualquer, na Terra ou no Espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece entre um e outro, transmitindo de um ao outro o pensamento, como o ar transmite o som.
A energia da corrente guarda proporção com a do pensamento e da vontade. É assim que os Espíritos ouvem a prece que lhes é dirigida, qualquer que seja o lugar onde se encontrem; é assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações, que relações se estabelecem a distância entre encarnados (KARDEC, 2023, p.289).
No que tange ao tema deste artigo, que diz respeito à maneira que nossas preces e vibrações são recebidas pelos nossos queridos no Mundo Espiritual, podemos iniciar afirmando que nenhum pensamento ou desejo, dirigido, como mostra o Evangelho, por um pensamento direcionado e pela vontade, se perde. De uma forma ou de outra, são recebidos, sentidos e ou percebidos por aqueles a quem nos direcionamos. Sendo a prece uma conexão com a Mente divina, quando elevamos nosso pensamento, nosso tônus vibratório se eleva também; elevação mental e elevação vibratória são fundamentais para que alcancemos a sintonia com nossos Benfeitores e Espíritos amados.
Na questão 659 de O Livro dos Espíritos temos que a prece pode ser utilizada para louvar, pedir e agradecer, mas é preciso que não nos dediquemos a repetir palavras, mas sintamos de verdade o nosso desejo. Dessa maneira, as palavras tomam naturalmente forma por meio de nossas intenções. Corroboram essa percepção os estudos de Léon Denis, quando enfatiza que a oração é a comunhão pelo pensamento e de Joanna de Angelis (2019) quando menciona que a prece ou a oração é a emanação do pensamento bem direcionado.
Pela Lei de Atração, nosso desejo de conexão e sintonia quando direcionado por meio dos pensamentos emitidos, sintonizam-se com ondas equivalentes, atestando a afinidade existente para com aqueles que amamos e para quem oramos e pedimos. É pela sintonia, que encarnados e desencarnados se aproximam de nós, de diversas maneiras possíveis. Nossas emissões mentais vão ao Alto e encontram semelhantes, atestando para nós que sempre, a prece é uma Luz. Para os enfermos, a prece é um remédio que ameniza, suaviza; para aqueles que partiram, nossos desejos felizes e as boas lembranças contidas numa prece são capazes de manter nossas mentes interconectadas pela Lei do Amor. Na obra intitulada Memórias de um Suicida, há um relato maravilhoso de ajuda aos desencarnados, revelador do quanto a prece, verbalizada ou mentalizada foi capaz de atingir o alvo sagrado que é Jesus e retornar ao necessitado cheia de fluidos medicamentosos, isto é, retornar fecundada. Quando oramos, é como se caísse uma corrente de energia capaz de tranquilizar emocionalmente o Espírito a quem dirigimos nossa prece, lembrando com André Luiz (2019), que essa corrente precisa ser regida pelo pensamento e pela vontade.
Sabendo pela Doutrina Espírita que a vida continua e há muitas moradas na casa do Pai, podemos por vezes questionar ou nos angustiar pela dúvida a respeito da dimensão e ou capacidade de alcance de nossas preces, ou então em relação à orientação sobre para quem orar. Sobre o como orar, já vimos que o pensamento direcionado, o desejo de comunicação e os sentimentos nobres são a base para o estabelecimento da conexão espiritual. Em relação ao para quem orar, podemos nos apoiar em O Evangelho segundo o Espiritismo:
A prece é uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige. Pode ter por objeto um pedido, um agradecimento, ou uma glorificação. Podemos orar por nós mesmos ou por outrem, pelos vivos ou pelos mortos. As preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de suas vontades; as que se dirigem aos bons Espíritos são reportadas a Deus. Quando alguém ora a outros seres que não a Deus, fá-lo recorrendo a intermediários, a intercessores, porquanto nada sucede sem a vontade de Deus (KARDEC, 2023, p. 289).
André Luiz revela que a prece tem a capacidade de movimentar, mobilizar em prol da nossa fé e em nome de Deus, imensos exércitos de trabalhadores desencarnados. Desta reflexão decorre a conclusão de que podemos orar a Deus, a Jesus, aos Espíritos de Luz que admiramos, à nossa Família Espiritual, ao nosso Mentor Espiritual, aos nossos queridos que partiram. Neste último caso, podemos conversar diretamente com nosso ente querido com ternura, amor e gratidão, relembrando bons momentos, evitando angústias e dor, ou podemos pedir a Deus, Jesus, ou a toda a egrégora espiritual que interceda por quem amamos, pois essas vibrações alcançarão, de um modo ou de outro, o destinatário.
O Espírito pode não ouvir com os ouvidos ou registrar com precisão as mensagens enviadas, mas certamente sentirá com o seu coração. Se em algum momento os Espíritos não conseguirem sentir ou perceber objetivamente as preces recebidas, isso não significa que estão desamparados, pois a dose de caridade e até de perdão que a prece encerra em si mesma será utilizada sempre, direta ou indiretamente em favor da evolução daqueles que amamos, no tempo de Deus, sem desrespeitar as Leis Naturais.
Podemos questionar ainda, haja vista essas reflexões, se o nosso ente querido, estando no Plano Espiritual, ou ainda adaptando-se ao tempo espaço da Erraticidade, pelo fato de estar desencarnado, não estaria sendo amparado rumo sob a custódia dos Amigos Espirituais, e então não necessitando de nossas preces e vibrações? A resposta é que todo amor é necessário, utilizado e bem-vindo. Aliás, em determinados momentos, ensina-nos a Doutrina Espírita que é mais fácil um Espírito que porventura esteja em sofrimento ou dúvidas, receber e sentir as preces de um encarnado que ora a ele, do que perceber a presença dos Benfeitores que vibram em faixa energética superior, dada a semelhança e proximidade de fluidos vibratórios.
Podemos considerar, dado o exposto, que sempre é importante agradecer e louvar a Deus, pedindo por nós mesmos para que tenhamos cada vez mais o coração limpo o suficiente para podermos direcionar o melhor de nós aos nossos. A prece beneficia quem recebe, mas sobretudo quem ora, uma vez que nos confirma Emmanuel (2013) que orar é identificar-se com a maior fonte de poder do Universo, sendo a prece o mais alto sistema de intercâmbio entre a Terra e o céu; pelo Divino circuito da prece, a criatura pede o amparo do Criador, que responde à criatura pelo princípio inelutável da reflexão espiritual, estendendo-lhes os braços eternos, a fim de que ela se erga dos vales da vida fragmentada para os cimos da vida vitoriosa. Oremos sempre, com o que de melhor existir em nossos corações, e os Espíritos que amamos, vinculados a nós, receberão com alegria, direta ou indiretamente, de forma clara ou sutil, nossas vibrações e lembranças firmando o compromisso na confiança em Deus e na certeza que a vida continua sendo eterna assim como o amor.
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Referências:
1- DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. São Paulo: FEB, 1975.
2- FRANCO, Divaldo; ANGELIS, Joanna de (espírito). Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda. Série psicológica, livro 11). Salvador: Editora Leal, 2019.
3- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. RJ/Campos de Goytacazes: Letra Espírita, novembro de 2023.
4- KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. RJ/Campos de Goytacazes: Letra Espírita, abril de 2023.
5- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. RJ/Campos de Goytacazes: Letra Espírita, dezembro de 2022.
6- KARDEC, Allan. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2013.
7- KARDEC, Allan. O Que é Espiritismo. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2019.
8- PEREIRA, Yvonne do Amaral, BOTELHO, Camilo Cândido. Memórias de um Suicida. São Paulo: FEB, 2019.
9- XAVIER, Francisco Cândido. ANDRÉ LUIZ (Espírito). Meditações diárias. São Paulo: IDE, 2009.
10- XAVIER, Francisco Cândido. EMMANUEL (Espírito). Pensamento e vida. São Paulo: FEB, 2013.
11- XAVIER, Francisco Cândido. ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. São Paulo: FEB, 2006.
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