Por: André Spadin
Caro internauta, para abordarmos o momento atual da divulgação da Doutrina dos Espíritos, vamos buscar um pouco de sua história.
O Espiritismo nascido da França no século 19 - mais precisamente em 18 de abril 1857 – iniciou sua divulgação em escala maior através das obras póstumas de Allan Kardec e das edições da chamada “Revista Espírita” da mesma época.
Já no século seguinte, no Brasil, o Espiritismo contou com inúmeras obras psicografadas, através de médiuns famosos como, por exemplo, Chico Xavier e Divaldo Franco, que sempre destacaram a reencarnação, a racionalidade da fé, a reforma íntima, a importância da caridade e do amor ao próximo.
Porém, sendo um movimento que passou a apresentar uma nova ideia ou outra visão da relação do homem com o “mundo invisível” ou do “céu e inferno”, acabou por tocar as verdades absolutas e os dogmas de outras religiões. O Espiritismo então foi combatido e perseguido das mais diversas formas durante os anos que se passaram, principalmente nos séculos 19 e 20.
Já no século 21 novos adeptos surgiram. Médiuns espíritas e estudiosos das obras que levaram os trabalhos de divulgação adiante, já contando com eventuais ou pontuais programas televisivos, de rádio e também com a internet. Trabalhos estes realizados para a Doutrina dos Espíritos, compreendendo este como sendo o Consolador enviado. “Jesus prometeu um outro consolador: O Espírito de Verdade, que o mundo não conheceu ainda, porque não está maduro para compreende-lo, que o Pai enviará para ensinar todas as coisas, e para fazer recordar aquilo que o Cristo disse.”
Com o passar dos anos, o Espiritismo foi atraindo cada vez mais simpatizantes, principalmente pessoas que buscam o alento sobre a vida pós-morte ou mesmo para aqueles que buscam pensamentos mais racionalizados sobre o que somos e para que viemos a este mundo, baseada em sua tríade de Religião, Ciência e Filosofia.
A chamada era da internet e mais atualmente as redes sociais, deram enorme espaço para a divulgação do Espiritismo, como também, para os questionadores e críticos da doutrina. As redes sociais são ótimas ferramentas de divulgação dos ensinamentos do Mestre Jesus bem como das diretrizes de Alan Kardec, porém, ao mesmo tempo, permite que usuários possam livremente discutir e questionar a doutrina, através das mais variadas formas de abordagem.
Com isso, comentários negativos estão sempre presentes, surgem a cada postagem. Por mais que o tema seja edificante, não são poupados da liberdade de expressão que a rede proporciona. Em tempos de informações e desinformações em grande volume através da velocidade da tecnologia, é preciso saber lidar com os críticos e antagônicos, pois estamos vivendo uma época de quebra de paradigmas, descrença e até mesmo de desesperança.
Mas o que fazer diante de situações deste tipo, uma vez que por trás de uma postagem há um ser humano movido a sentimentos?
Muitas vezes o responsável pelas divulgações do Espiritismo através de páginas do tema ou não, sente dificuldades em lidar com o antagonismo e até mesmo com sátiras, quando não, com comunicações de certa forma até mesmo violentas.
Quem se propõe a postar algo para a divulgação da Doutrina dos Espíritos ou qualquer outro assunto relacionado ao tema Espiritismo, precisa antes de tudo compreender o ser humano, principalmente aquele que busca informações através da rede. São irmãos estes que acessam as páginas em busca de conhecimentos ou apenas por curiosidade, mas muitas vezes não dispostos a abrirem mão de suas crenças, dos dogmas aprendidos nas outras religiões ou até mesmo do ateísmo.
Cada ser humano passa por um momento de evolução diferente do outro. São diferentes em suas educações, culturas e experiências de vida. Sendo assim, cada um acaba tendo uma forma particular para compreender aquilo que não corresponde com suas verdades únicas que escolheram durante a vida. Logo, as reações são muitas vezes negativas, buscando a defesa de suas crenças e em muitas vezes, o combate à ideia divulgada pela doutrina espírita.
O verdadeiro espírita ao divulgar a palavra deve estar sempre preparado para ler ou ouvir aquilo que ele não concorda. Não aceitar o antagônico ou o crítico e “sua verdade” pode conter ego que ainda é característica presente em nossa formação. Somos falíveis e imperfeitos, porém, o entendimento sobre ele faz com que possamos racionalmente controlar possíveis atitudes que possamos ter. Potencializar nossas virtudes ou adquirir as que ainda não temos é fundamental para nossa evolução moral. O espírita, tendo como umas de suas primícias a empatia e a caridade tem o dever de compreender o próximo. “Quando a caridade for a regra de conduta dos homens, eles conformarão seus atos e suas palavras a esta máxima: “Não façais aos outros o que não quiserdes que vos façam”; então, sim, desaparecerão todas as causas de dissensões e, com elas, as do duelo e das guerras, que são os duelos de povo a povo.”
Cada comentário negativo que nos depararmos sobre algo que postarmos na rede nos trará sensações também negativas. Mas, o pensamento é automático, o sentir uma consequência e, se permitirmos sentir o negativo sem raciocinar sobre ele, isso nos fará sofrer.
Se deparar com críticas ou um simples comentário negativo pode sutilmente mudar nosso padrão vibracional se não ficarmos atentos.
Muitos internautas nas redes sociais estão buscando o embate e não o bom debate. Buscam apenas o desafio por si só, sem propósitos edificantes. São características da natureza humana. Cabe ao espírita nessa situação, exercitar a empatia, ter a sensibilidade de compreender a real intenção do outro e respeitar suas particularidades, lembrando sempre que até mesmo o Mestre Jesus com toda sua capacidade de sensibilizar o próximo, muitas vezes não foi aceito e nem compreendido quando aqui esteve em vida terrena e mesmo assim, soube levar adiante a palavra bendita que trouxe alento e trás até os dias atuais. “Um indivíduo que aprendeu a ver com os bons olhos do amor tem a habilidade de não se deixar estimular orgulhosamente pelas pessoas que o rodeiam, porque aprendeu a amar ou a desempenhar sua tarefa na Terra sem expectativas alheias”.
O amor próprio é fundamental para que possamos compreender nossos pensamentos e sentimentos surgidos após comentários negativos em cima da nossa melhor intenção e assim, trazer leveza para nossa assimilação e principalmente força para a continuidade do propósito da divulgação da palavra edificante que muitos, na sua grande maioria, apreciam e são auxiliados por elas, trazendo alento para os enfrentamentos da caminhada terrena.
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Referências
Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulos VI e XII. IDE Editora, 365ª edição, 2009.
Espírito Santo Neto, Francisco, ditado por Hammed. A Imensidão dos Sentidos. Editora Boa Nova, 15ª edição.
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