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Deformidades no Perispírito: Ligação com Expiações



Por: Carlos Alexandre

 

"Perispírito, do grego "peri", em torno, e do latim "spiritus" (alma, espírito), é o envoltório sutil e perene da alma, ou seja, entendido como o invólucro semimaterial que envolve o Espírito, desempenhando um papel crucial na compreensão das experiências terrenas e suas repercussões além da vida física. Sendo concebido como uma espécie de interface entre o Mundo Espiritual e o mundo material, essencial para a manifestação e a interação do Espírito durante sua jornada terrena. Além de servir como um elo entre a alma e o corpo físico, o perispírito também influencia diretamente as características individuais, as predisposições e as experiências vividas pelo ser humano, moldando sua evolução espiritual e determinando suas condições na vida após a morte. (Kardec, p.24)


De acordo com a Doutrina Espírita, as deformidades no perispírito podem ser entendidas como reflexos das experiências passadas do Espírito. Elas podem ser o resultado de ações negativas, erros ou desequilíbrios em vidas anteriores. Essas deformidades não se limitam apenas ao aspecto físico, mas também podem manifestar-se como distúrbios emocionais, mentais ou espirituais. O perispírito, sendo o molde do corpo físico, reflete as condições do Espírito e suas necessidades evolutivas. Assim, o corpo doente pode ser entendido como um sinal de uma mente enferma, onde as enfermidades físicas frequentemente têm suas raízes em desarmonias mais profundas, que podem remontar a experiências passadas do Espírito. (ZIMMERMANN, p. 27)


Nesse contexto, Zimmermann, nos esclarece, que a ideia de que a doença constitui o processo de cura da alma ganha ainda mais relevância. A enfermidade física pode ser vista não apenas como um fenômeno isolado, mas como parte de um processo mais amplo de purificação e crescimento espiritual. Através do remorso e do arrependimento, confrontamos não apenas nossos erros do presente, mas também as consequências de nossas ações passadas, buscando assim restaurar o equilíbrio e avançar em nossa jornada evolutiva.


Portanto, quando consideramos a inter-relação entre o perispírito, as experiências passadas do Espírito e o processo de cura da alma, percebemos que a doença pode ser vista como um convite à reflexão e à transformação interior. É uma oportunidade para confrontar nossos próprios desafios e crescer em direção à harmonia e ao entendimento mais profundo de nós mesmos e do universo que nos cerca. (ZIMMERMANN, p. 309)


Ensina-nos, Kardec, que a expiação, por sua vez, está relacionada ao processo de reparação e aprendizado espiritual. De acordo com a Lei de Causa e Efeito, cada ação gera uma reação correspondente, e as experiências vividas são oportunidades para o crescimento e a evolução do Espírito. As deformidades no perispírito podem estar intimamente ligadas a essa Lei, representando os desafios que o Espírito precisa enfrentar para corrigir suas falhas passadas e progredir em sua jornada espiritual. Embora inúmeros fenômenos atestem o poder plástico do Espírito, graças a uma propriedade fundamental de seu constituinte, o corpo espiritual, é na reencarnação que isso se torna mais evidente e comum, mostrando aspecto altamente positivo da citada retratilidade perispiritual.


O papel do perispírito no processo reencarnatório, como não poderia deixar de ser, é fundamental. Com efeito, o psicossoma, com suas propriedades e funções, comanda o desenvolvimento ontogênico já a partir dos momentos iniciais em que, após o choque biológico provocado pela fusão do óvulo com o espermatozoide (fecundação), chega o elemento masculino ao centro da célula feminina, soldando-se os pró-núcleos (concepção, propriamente) em uma estrutura matriz e deflagrando, assim, o processo embriogênico. Entende-se que é nesse instante, da concepção, que se verifica, normalmente, a ligação do corpo espiritual à estrutura embrionária, que, então, passa a desenvolver-se segundo as linhas de força projetadas por aquele. A união alma-corpo "começa na concepção, mas só se completa no momento do nascimento", ensina o Codificador. (Kardec, p. 76)


Assim, ao considerar a complexidade e a interação entre o perispírito, a reencarnação e o processo de expiação, podemos perceber que a jornada espiritual do indivíduo é uma progressão contínua, na qual cada experiência, seja ela de dor ou de alegria, desempenha um papel importante na busca pela evolução e pela realização espiritual. É crucial destacar que as deformidades no perispírito não devem ser interpretadas como castigos divinos, mas sim como reflexos naturais das decisões e ações tomadas pelo Espírito ao longo de suas múltiplas encarnações. Elas não são frutos de uma vontade punitiva, mas sim manifestações de um processo de aprendizado e purificação espiritual. O propósito último dessas experiências não é infligir sofrimento, mas sim promover a evolução moral e a elevação da consciência do ser.


Ao vivenciar as consequências de suas escolhas passadas, o Espírito tem a oportunidade de refletir sobre suas ações, reconhecer seus erros e buscar o aprimoramento moral. Nesse sentido, as deformidades no perispírito servem como instrumentos de transformação interior, impulsionando o indivíduo a desenvolver virtudes como a humildade, a compaixão e o perdão. No entanto, é importante ressaltar que nem todas as imperfeições no perispírito são necessariamente resultado de expiações. Muitas vezes, essas condições são escolhidas pelo próprio Espírito como desafios para sua evolução espiritual. São oportunidades de crescimento e superação, que permitem ao ser transcender limitações e alcançar novos patamares de consciência e amor. Além disso, algumas deformidades no perispírito podem estar inseridas no plano divino como parte do processo de evolução coletiva da Humanidade. Elas representam lições compartilhadas, destinadas a promover o amadurecimento espiritual da sociedade como um todo. (ZIMMERMANN, p. 321)


Nesse contexto, cada indivíduo contribui para o aprendizado e o progresso de todos, através de suas experiências e vivências. Portanto, compreender o significado das deformidades no perispírito requer uma visão ampla e compassiva, que reconheça tanto o aspecto individual quanto o coletivo do processo evolutivo. É através do autoconhecimento, do amor ao próximo e da busca pela harmonia com as leis divinas que o Espírito pode transcender suas limitações e alcançar a plenitude de seu potencial evolutivo.

 

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Referências:

1- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 1ª Edição. – Campos dos Goytacazes/RJ, 2022. Letra Espírita.

2- ZIMMERMANN, Zalmino. Perispírito. 1ª Edição. Campinas/SP, 2000. CEAK.

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