Por Geane O. Lanes
No âmbito da internet, as redes sociais são estruturas compostas por diferentes pessoas que buscam compartilhar experiências e criar relações. Embora sejam valorosas ferramentas de aprendizado e de propagação de mensagens positivas, infelizmente, as redes sociais são utilizadas por muitas pessoas como veículo para disseminação da violência e de discursos de ódio.
Muitas vezes anônimas ou disfarçadas sob falsos pretextos de obter justiça, as postagens de ódio mostram mais sobre quem as propaga do que a respeito das pessoas a quem são direcionadas, porque, mesmo sem perceber, os que disseminam esse tipo de mensagem geralmente são impulsionados pela vaidade e pela insatisfação pessoal. Dessa forma, independentemente das ações cometidas pelos alvos dessas postagens, as mensagens e comentários nas redes sociais que incitam a violência e o ódio evidenciam o que seus autores ainda carregam em seu íntimo, uma vez que “todo pensamento mau resulta, pois, da imperfeição da alma” (KARDEC, 2013a).
Sem diminuir a responsabilidade do outro diante de suas ações, devemos avaliar quais são os nossos reais objetivos ao propagar mensagens que denigrem uma ou mais pessoas, compreendendo o peso que nossas atitudes podem ter em nossas vidas e também no coletivo. O ódio disseminado nas redes sociais atrai a atenção de pessoas que comungam com os mesmos objetivos e opiniões, os quais podem enxergar nessas mensagens o estímulo necessário para também propagarem o ódio e, até mesmo, colocá-lo em prática por meio de atos de violência. Como apontado na Bíblia, mesmo que essa não seja a sua intenção, “o violento recruta o seu próximo e o leva por um caminho ruim” (Provérbios 16: 29).
Além disso, precisamos lembrar que os discursos de ódio nas redes sociais alcançam não apenas aqueles que têm acesso a eles, já que os encarnados influenciados por essas mensagens também têm poder de influência sobre outros encarnados. Assim, em consequência de um efeito cascata, a nossa responsabilidade diante do que postamos nas redes sociais vai muito além do que imaginamos.
Se as nossas ações locais impactam aqueles que estão ao nosso lado, quando ganham a amplitude oferecida pela internet, elas podem chegar a todos os cantos do mundo, influenciando negativamente muitos irmãos invigilantes e levando dor e sofrimento a quem nem mesmo conhecemos. Em acréscimo, as energias atreladas às mensagens e comentários que postamos nas redes sociais não chegam apenas aos encarnados, mas também aos desencarnados, que, por sua vez, também influenciam outros desencarnados e encarnados.
Mas como as mensagens nas redes sociais poderiam ter impacto sobre os desencarnados? Estariam eles também ligados à internet? Com o estudo da Doutrina Espírita, nossas companhias espirituais são determinadas pelos pensamentos que alimentamos, visto que “Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem” (KARDEC, 2013b). Dessa forma, as energias negativas que emanamos têm o grande poder de atrair irmãos que compartilham os mesmos pensamentos e ideais, os quais, em um processo de retroalimentação, ajudam-nos a inflar ainda mais o ódio e o rancor.
Por conseguinte, quando propagamos pensamentos negativos nas redes sociais, além de atraímos irmãos espirituais em sintonia conosco, contribuímos para que esse mesmo processo aconteça com aqueles que, por negligência, deixam-se influenciar por nossas ações. De forma alguma, devemos nos culpar pelas ações que os outros cometem influenciados por nós, mas precisamos refletir como as atitudes que tomamos e, muitas vezes, consideramos insignificantes, podem repercutir negativamente em nossas vidas e na humanidade como um todo.
Também devemos estar atentos àquilo que nos move, pois apenas quando nos flagramos em equívoco é que podemos identificar o que precisa ser lapidado em nosso íntimo. Ademais, devemos compreender que as redes sociais podem ser um terreno fértil para a propagação do bem. Se desejamos um mundo mais tolerante e pacífico, cabe a nós plantar a semente do respeito e do amor ao próximo, usando as redes sociais como um meio de propagar mensagens que estimulem a caridade e a paz.
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Referências:
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. tradução de Guillon Ribeiro da 3. ed. francesa, revista, corrigida e modificada pelo autor em 1866. Ed. 131: Editora FEB. 2013a.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. Ed. 93: Editora FEB. 2013b.
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