Por: Guilherme Carvalho
Pedir ainda é condição necessária ao ser. Sendo primitivos e devedores no âmbito moral, pedimos. A questão que nos cabe a análise é saber compreender como e o quê pedir. A oração, por exemplo, é quando dotada de sentimentos verdadeiros, é um sublime pedido que, certamente, é atendido por envolver um Bem Maior. Ao contrário, quando solicitamos algo para que nos eleve o orgulho, a vaidade, nada obteremos. A Divina Consciência permite que nesses casos, vez ou outra, as criaturas consigam o que pedem para que lhes sirva de lição, alguns aprendem outros apreendem, porém, com intuito educativo e pela declaração dos Espíritos, temos um longo caminho a percorrer.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo temos para este assunto um capítulo inteiro, onde são tratadas reflexões acerca da prece, veículo de comunicação d’alma. Traçando uma comparação entre a infância carnal, quando crianças pedimos aos responsáveis o que desejamos, sem critério de mundo, de acordo com a necessidade que recebemos. Expandida esta visão, é assim que Deus age em nossas vidas.
No livro que compõe o quinteto de romances históricos ditado pelo Espírito Emmanuel, Ave Cristo, temos um pedido muito singelo e compassivo, onde Quinto Varro, solicita aos Benfeitores Espirituais para reencarnar junto ao filho Taciano, com o intuito de trazer-lhe ao caminho do Cristo na Roma do século III.
Em Nosso Livro psicografado por Francisco Cândido Xavier, André Luiz, abnegado contribuidor da Doutrina Espírita quanto da Vida, intitula-nos o seguinte: “Em Espiritismo, quando alguém começa a pedir, está melhorando a posição íntima”. Levados a esta reflexão, por que pedir é sinal de predisposição para evoluir? Para pedir verdadeiramente o que se sente é imprescindível conhecer-se. Desta forma, não podemos olvidar do Sábio da Antiguidade que nos diz em O Livro dos Espíritos na questão 919: “Conhece-te a ti mesmo” (KARDEC, 2023, P. 329).
A partir das experiências terrenas que passamos, adversas a nossa zona de conforto, nas reencarnações sucessivas é que compreendemos sobre obter. Como no exemplo citado acima, por amor, um pedido foi feito e concedido, arcar com as suas responsabilidades, por vezes, é o que ainda nos falta. Nossa imaturidade moral para lidar com os débitos contraídos hoje ou outrora, exerce função contrária à de servidor diligente do bem, turvam-se compreensões e arrastam-se por existências as consciências deturpadas quanto ao dever que lhes cabe.
Portanto, peçamos, não apenas para nós e os nossos, mas, para todos aqueles que ainda não sabem pedir, aproveitemos este ensejo e aprimorar-nos-emos à medida que as provas e expiações nos atestem a veracidade do coração. O Sol radiante do novo dia se faz presente constantemente para alertar-nos que urge bem viver e que apesar de sofrer, o Amor do Pai conosco está, pronto para nos sustentar e fazer a nossa luz brilhar.
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Referências:
1- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes, RJ: Editora Letra Espírita. 2023.
2- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes, RJ: Editora Letra Espírita. 2023.
3- XAVIER, Francisco Cândido. Ave Cristo. Ditado pelo Espírito Emmanuel. FEB – Federação Espírita Brasileira. 2021.
4- XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Livro. Ditado por Espíritos Diversos. LAKE. 2019.
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