Rafaela Paes
Questão 392 de O Livro dos Espíritos: Porque o Espírito encarnado perde a lembrança do seu passado?
Resposta: O homem não pode nem deve tudo saber; Deus o quer assim em sua sabedoria. Sem o véu que lhe cobre certas coisas, ficaria deslumbrado, como aquele que passa, sem transição, da obscuridade à luz. Pelo esquecimento do passado, ele é mais ele mesmo.
É com essa explicação / advertência da Espiritualidade que iniciamos o artigo de hoje. Por que lembrar o passado? De que te adiantaria o conhecimento de vidas pretéritas? Será que o sofrimento não passaria a ser seu companheiro?
Em nota à Questão 394 de o Livro dos Espíritos, Kardec nos ensina:
Não há, no esquecimento dessas existências passadas, sobretudo naquelas que foram penosas, alguma coisa de providencial e na qual se revela a sabedoria divina? É nos mundos superiores, quando a lembrança das existências infelizes não é mais do que um sonho mau, que elas afloram à memória. Nos mundos inferiores, as infelicidades atuais não seriam agravadas pela lembrança de tudo aquilo que se suportou?
Concluamos daí, então, que tudo que Deus fez está bem feito e que não nos cabe criticar-lhe as obras e dizer como deveria regular o Universo.
A lembrança de nossas individualidades anteriores teria inconvenientes muito graves; poderia, em certos casos, nos humilhar extraordinariamente e, em outros, exaltar o nosso orgulho e, por isso mesmo, entravar o nosso livre-arbítrio. Deus nos deu, para nos melhorarmos, o que nos é necessário e nos basta: a voz da consciência e nossas tendências instintivas, privando-nos do que nos poderia prejudicar. Acrescentemos, ainda, que se tivéssemos a lembrança de nossos atos pessoais anteriores, teríamos igualmente dos atos dos outros e esse conhecimento poderia ter os mais deploráveis efeitos sobre as relações sociais. não havendo sempre motivos para nos glorificarmos do nosso passado, ele é quase sempre feliz quando um véu lhe seja lançado. Isso concorda perfeitamente com a doutrina dos Espíritos sobre os mundos superiores ao nosso. Nesses mundos, onde não reina senão o bem, a lembrança do passado não tem nada de penosa; eis porque sabem aí de sua existência precedente, como nós sabemos o que fizemos na véspera. Quando à escala que fizeram nos mundos inferiores, como dissemos, não é mais que um sonho mau.
Como seria se, por exemplo, apenas para ilustrar, que você matou uma pessoa que hoje ama muito, em uma vida passada? E o contrário, se soubesse que essa pessoa amada lhe matou? E se descobrisse que fostes um rei na antiguidade, serias humilde nessa existência? O conhecimento do passado nos traria diversos tipos de entraves em nossas necessidades atuais.
Os psicólogos Antônio Carlos Abreu e Leila Rocha Abreu, que são integrantes da Associação Luso Brasileira de Transpessoal (Alubrat), fazem um alerta:
“Embora não existam estatísticas, é cada vez maior o número de pacientes que têm seu estado agravado depois de passar por pessoas que se apresentam coo terapeutas, mas não têm qualificação para exercer a atividade. Umas das consequências é o surgimento de doenças psicossomáticas. O paciente pode apresentar taquicardia, sudorese, mal estar físico, confusão mental ou manchas pelo corpo. Isso ocorre porque pessoas despreparadas levam o paciente a reviver momentos traumáticos, mas depois não sabem aplicar a psicoterapia necessária para trata-lo”.
Essa é a primeira consequência da terapia de regressão: o mau uso dela. Nem todos os profissionais são devidamente habilitados para lidar com o durante e nem com o depois, e isso pode se transformar em doenças indesejadas pelo paciente.
De acordo com Mauro Kwitko, existem também riscos do ponto de vista terapêutico. “Nesse grupo encontramos os casos em que o terapeuta de regressão não sabe realmente para o que está fazendo regressão, para o que ela serve, qual a finalidade dessa Terapia, confunde Terapia de Regressão com ‘turismo por vidas passadas’, e acha que regressão é somente a pessoa deitar, relaxar e começar a ver situações do seu passado. Os riscos aí são muito grandes, pois, existe uma Lei que diz que ‘onde termina a regressão, fica a sintonia’; a pessoa acessa uma encarnação passada e, que está recordando uma situação conflitante e vai para outra encarnação, se o terapeuta permite isso, ela fica sintonizada lá naquela situação”.
E dá um exemplo prático:
“Um rapaz submeteu-se a regressão com uma terapeuta e quando estava vivenciando uma guerra em uma vida passada, ela interrompeu a sessão porque havia esgotado o tempo e precisava atender outra pessoa, ou seja, deixou o rapaz lá na guerra! Ele voltou para sua casa, completamente desequilibrado, a sua família chamou um atendimento psiquiátrico de urgência, ele foi internado por 1 mês e a partir daí desenvolveu um quadro de Pânico, abandonou os estudos, e não saía mais de casa, por medo. Veio consultar comigo, escondido de sua família, e me contou a sua história, convenci o rapaz a deitar e recordar o final da história, quando ele recordou que morreu naquela guerra, uma Luz veio lhe buscar, o levou para o Mundo espiritual, onde recebeu um atendimento em um hospital lá, até ficar bem, tudo passar e sentir-se muito bem, quando encerramos a sessão, que não durou mais de 15 minutos. Ou seja, faltava só um pouquinho mais da recordação para ele ficar bem, mas a terapeuta, despreparada, inconseqüente, não sabia o que estava fazendo. Ele poderia passar o resto de sua vida com Pânico por irresponsabilidade dela”.
Sendo assim, que façamos do passado um trampolim, e não um sofá. Se não nos é concedida, de forma natural, a graça da lembrança de vidas já experimentadas, deixemos elas no passado, onde é seu lugar
Se não temos, durante a vida corporal, uma lembrança precisa do que fomos e do que fizemos, de bem ou de mal, nas nossas existências anteriores, temos a intuição, e nossas tendências instintivas são uma reminiscência do nosso passado. Aquela nossa consciência, que é o desejo que abrigamos de não mais cometer as mesmas falhas, nos previne a resistência (Nota de Allan Kardec à questão 393 de O Livro dos Espíritos).
Portanto, um ótimo presente a todos nós!!
Muito boa essa matéria!!
Regressão é coisa séria e
Não um passeio turistico como foi dito. Muito bom ensinamento.
Muito bom ensinamento. Concordo...A regressão não deve ser usada para qualquer situação.
bem útil estes ensinamentos