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Solidão


Priscila Gonçalves

Fernando Pessoa em um de seus belos versos, disse: "Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes é necessário ser um."


A solidão de que falo agora, não é necessariamente a solidão conjugal, onde o indivíduo tem a ânsia de estar com alguém, mas não se encontra assim.


É ao mesmo tempo complicado e simples expressar.


Tenho aprendido ao longo dos últimos meses que solidão é a falta de conexão entre duas ou mais pessoas, que não se completam, mas se complementam.


E esta atual condição se traduz na ausência de pessoas muito próximas e amadas, como família e amigos, os quais eu possuo uma conexão emocional forte, e que, mesmo a uma longa distância permanecem estes em meu coração e pensamentos, diariamente. Intocáveis.


Experimentalmente, a minha solidão é cruel e dilacerante. Por vezes, ela escolhe se apresentar em momentos de confraternização e alegria.


Mesmo estando em meio à uma natureza exuberante, apreciando o vai e vem das ondas, sinto uma dor no peito que parece me partir em vários pedacinhos, e uma saudade destas pessoas que não consegui ainda encontrar palavras para definir.


As conexões existem, mas os abraços apertados e calorosos, os olhares amigáveis se limitaram.


Me conformo momentaneamente em falar com estas pessoas ao telefone, por mensagens, e recentemente, a oportunidade de visitar minha mãe que não a via há três longos meses.


Amigos, a solidão é cruel, mas nos faz repensar e rever conceitos, formas e ângulos antes inexistentes, ou, invisíveis aos nossos olhos e nosso espírito ainda em crescimento e formação.


Descobrimos sentimentos e emoções, nos aproximamos de nós mesmos.


Ouso dizer até, que a solidão nos auxilia na reforma íntima.


Quem nunca ouviu dizer que a lapidação é dolorosa?


Pois creiam que, até mesmo a dor é momentânea, e a união fraterna é certa.



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