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Joana D’arc




Por: Priscila Gonçalves


Vamos iniciar este artigo relembrando um pouco da história de Joana d’Arc, a guerreira que lutou ao lado do exército francês para livrar a França do domínio inglês, na que ficou marcada na história como A Guerra dos 100 anos.

Joana d’Arc nasceu no vilarejo de Domrémy, em 1412 filha de camponeses de relativas condições financeiras. Religiosa e analfabeta, por volta dos 13 anos afirmou ter ouvido São Miguel Arcanjo, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia lhe entregar quatro missões:

1- acabar com o domínio inglês em Orleans;

2- levar o novo rei para ser coroado em Reims conforme as tradições;

3- expulsar os invasores de Paris; e,

4- libertar o Duque de Orleans.

Após se encontrar com o rei no castelo de Chinon, ela foi interrogada por teólogos e conselheiros reais, e teve a sinceridade de sua fé reconhecida, e assim, nomeada cavaleira para lutar ao lado dos franceses em Orleans, e duas de suas missões foram cumpridas, entre elas a coroação do rei Carlos VII, em 17 de julho de 1429, em Reims.


A terceira missão, que era libertar Paris das forças inglesas não aconteceu, uma vez que, em 1429 o exército francês foi derrotado, e em 1430, ela foi presa e vendida ao rei da Inglaterra. Julgada por feitiçaria, ela foi condenada por dois pontos: as vozes que ouvia, segundo a interpretação dos juízes, viria do diabo e o fato de usar vestes masculinas, o que era algo inadmissível na época para uma dama. Sua morte se deu em 30 de maio de 1431, queimada viva em público para que servisse de exemplo para os demais.


Quatro anos depois, a nobreza francesa virou a guerra, e saiu vencedora desta em 1453, quando houve um pedido de revisão de Carlos VII da condenação de Joana, pois não queria que sua vitória fosse associada a uma herege, e, em 1455, o papa Calisto III aceitou a revisão da família d’Arc e anulou a condenação.


Em 1920, Joana d’Arc foi canonizada pelo Vaticano, virando símbolo da resistência francesa, e desde 1922 é padroeira da França.

Joana recebeu orientação espiritual para missões grandiosas, em uma época que a miséria predominava sobre a Europa, cercada então de doenças, epidemias e a peste. A pobreza e desigualdade eram unânimes, e Joana juntou-se ao exército para livrar o povo da fome e da necessidade.

Tendo em vista as vicissitudes que passou, traições ao seu redor, e dificuldades na obra da libertação, lembremo-nos sempre que, a humanidade é livre e responsável por seus atos. Nada é imposto, é oferecido, não é ordenado, é inspirado.

Joana foi incompreendida, pois, apesar de sua fé inabalável, permanecendo sempre fiel e leal a Deus, pois os grandiosos de sua época não aceitavam que uma menina, tão jovem e inocente, sem nenhuma instrução pudesse receber orientações divinas, para lutar por algo que era de domínio masculino da realeza.


Em um trecho da obra de Leon Denis, “Joana d’Arc Médium”, ela exprime toda sua agonia em uma singela prece a seus benfeitores espirituais:

“À medida, porém, que se lhe aproxima o termo da carreira, a verdade terrível se desenha mais nitidamente: Perguntei às minhas vozes se seria queimada.

Responderam-me: Confia em Nosso Senhor e ele te ajudará. Recebe tudo com resignação; não te aflijas por causa do teu martírio. Virás enfim para o Paraíso.”

Quantos de nós hoje, e em diversos momentos da vida, nos pegamos agonizando perante os reveses que nos são apresentados, todos estes, para nossa evolução e crescimento?

Em um outro trecho, na prisão, Joana é interrogada por um bispo e sete padres, e, não sendo possível demonstrar a verdade que gostaria com argumentos eruditos, ela se expressa de forma breve, porém brilhante.

“Joana – diz o bispo –, queres submeter-te à Igreja?”


Ela responde: “Reporto-me a Deus em todas as coisas, a Deus que sempre me inspirou!”

P: “Aí está uma palavra bastante grave. Entre ti e Deus, há a Igreja. Queres, sim ou não, submeter-te à Igreja?”

R. “Vim ao encontro do rei para salvar a França, guiada por Deus e por seus santos Espíritos. A essa Igreja, a de lá do Alto, me submeto com relação a tudo que tenho feito e dito!”

P: “Assim, recusas submeter-te à Igreja; recusas renegar tuas visões diabólicas?”

R. “Reporto-me a Deus somente. Pelo que respeita às minhas visões, não aceito o julgamento de homem algum!””

Servir somente a Deus, e não se submeter a fez incompreendida, que a julgaram feiticeira e louca.

Assim como nós recebemos através de nossos benfeitores determinadas orientações e somos intuídos a fazer ou não fazer certa coisa, muitas vezes também somos incompreendidos pelos outros, simplesmente pelas nossas atitudes.

Joana, mesmo ante sua morte cruel, manteve-se íntegra ao que acreditava, íntegra em sua fé, e nos valores e princípios morais que carregava consigo desde sua tenra infância.


A vida de Joana d’Arc, seu martírio e sua fé, capacita-nos a questionar por onde estamos caminhando, que valores estamos levando conosco, e se nossas práticas diárias estão voltadas para Deus, para o que Jesus nos ensinou.


Somos chamados mais uma vez a rever nossa consciência, e trabalhar na reforma íntima, mesmo que esta se apresente com as maiores dúvidas e dores, e que por vezes, nos afaste um mundo o qual não faz mais sentido para nós, pois saímos do campo de visão linear sobre nossas vidas, e passamos a nos enxergar sob outros ângulos.

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Referência:

DENIS, Leon. Joana d’Arc, Médium. [S. l.]: Federação Espírita Brasileira, 2008.

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