Por: Leonardo Lopes
"Não só de pão viverá o homem." (Mateus 4:4)
A Doutrina Espírita, que aborda a imortalidade da alma e a natureza dos espíritos, não só nos remete à filosofia, como também vem nos relembrar dos ensinamentos de Jesus Cristo, e que o amor é a base de tudo.
No Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 11 item 8, o Espírito de Fénelon nos instruí uma reflexão sobre o que seria o amor: "O amor é de essência divina. Desde o mais elevado até o mais humilde, todos vós possuís, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado. É um fato que tendes podido constatar muitas vezes: o homem mais abjeto, o mais vil, o mais criminoso, tem por um ser ou um objeto qualquer uma afeição viva e ardente, à prova de todas as vicissitudes, atingindo frequentemente alturas sublimes."
E ainda diz: "Pois bem: para praticar a lei do amor, como Deus a quer, é necessário que chegueis a amar, pouco a pouco, e indistintamente, a todos os vossos irmãos. A tarefa é longa e difícil, mas será realizada."
Todos nós temos o amor dentro de nós. Muitos têm o pensamento focado no lado negativo da nossa atualidade, nas tristes e violentas notícias dos jornais diários, levando a si mesmos a acreditarem que não há bondade em nenhum ser humano e consequentemente enganando apenas a si mesmos, se afastando cada vez mais do amor ao seu redor, que emana dos amigos, dos familiares e do mundo, e se entregando a ideias infelizes.
O amor existe dentro de cada ser encarnado, independentemente de seu grau de evolução, de seu caráter e índole, e ter esse sentimento é uma das características, que ao meu ver, nos fazem seres divinos, é esse sentimento o nosso guia na existência, na caminhada que é a vida.
Agora, no livro Nosso Lar, capítulo 18 "Amor, alimento das almas", há Luísa, mãe de Lísias, que depois de acolher André Luiz em seu lar na colônia, se envolve em uma conversa sobre como funciona a alimentação no mundo espiritual, sendo ela de frutos e caldos reconfortantes, e que são importantes e indispensáveis não só para a alma e o corpo fluídico (perispírito), como também para os encarnados, e Luísa conta como essa alimentação não é a única:
“- Nosso irmão talvez ainda ignore que o maior sustentáculo das criaturas é justamente o amor.
- [...] Todo sistema de alimentação, nas variadas esferas da vida, tem no amor a base profunda. O alimento físico, mesmo aqui, propriamente considerado, é simples problema de materialidade transitória, como no caso dos veículos terrestres, necessitados de colaboração da graxa e do óleo. A alma, em si, apenas se nutre de amor. Quanto mais nos elevarmos no plano evolutivo da Criação, mais extensamente conheceremos essa verdade. Não lhe parece que o amor divino seja o cibo (alimento) do Universo?
- A alma, em si, apenas se nutre de amor" e agora você se pergunta, como funcionaria a alimentação através do amor? É o sentimento em si que alimenta o corpo? A alma? Pode parecer uma pergunta cômica, mas totalmente explicável.”
Lísias diz:
" - Tudo se equilibra no amor infinito de Deus, e, quanto mais evoluído o ser criado, mais sutil o processo de alimentação"
O que significa que, na carne, nossa alimentação é diferente, "materialmente transitória" como disse a progenitora de Lísias, pedindo ingestão de alimentos densos para nutrir e fortalecer o corpo de carne, e como metáfora ainda diz que seria como a "graxa e o óleo" necessários.
Mas com a evolução do ser espiritual, essa alimentação evolui, se desenvolve, tornando-se até totalmente fluídica para os seres mais evoluídos.
Então como o amor agiria como alimento?
Pense nele como um fluido, que revitaliza o ser, pois o é. Ainda no capitulo é comentado que o afeto, a boa conversa e a troca de bons sentimentos entre os seres encarnados alimenta a alma, revitaliza, preenche um vazio que muitos na atualidade sentem, então o amor como alimento não se aplica apenas à Espiritualidade, e sim à todos os seres vivos.
Luísa comenta:
" - Reencarnados na Terra, experimentamos grandes limitações; voltando para cá, entretanto, reconhecemos que toda a estabilidade da alegria é problema de alimentação puramente espiritual."
Na colônia espiritual de Nosso Lar, os fluídos energéticos são concentrados nas frutas e nos caldos, e indispensáveis até pelo Ministério da União Divina.
Os frutos e caldos portando a energia fluídica, assim dito acima, são necessários por muitos da colônia, pois são "tendentes a condição fluídica" como diz no trecho abaixo, e quando há a ascensão individual, há a mudança dessa alimentação.
" - Nós outros, criaturas desencarnadas, necessitamos de substâncias suculentas, tendentes à condição fluídica, e o processo será cada vez mais delicado, à medida que se intensifique a ascensão individual."
Resumindo, o amor é o alimento não só apenas da alma, mas do ser encarnado que porta a alma, preenche o vazio de todo o ser, revitaliza o "estado de espírito" por assim dizer, enquanto os fluidos e as energias revigoram e fortalecem o corpo fluídico, garantindo que os trabalhadores espirituais possam lidar com as energias densas presentes nos hospitais e colônias com o trabalho de resgate aos necessitados.
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