Direitos Humanos e Espiritismo: dignidade e igualdade
- Letra Espírita
- 27 de jul.
- 3 min de leitura

Por: Sthephannie Silva
Numa visão e compreensão sobre a questão dos Direitos Humanos, que à luz da Doutrina Espírita ganha contornos mais amplos ao incluir o progresso moral e Espiritual da Humanidade, a dignidade e a igualdade são princípios fundamentais, o que o torna essencial para a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.
Para o Espiritismo, todos os seres humanos são filhos de Deus, criados iguais em essência, ainda que em estágios diferentes de evolução Espiritual; embora as condições sociais e intelectuais sejam diversas, essas diferenças não devem ser vistas como privilégios ou castigos, mas sim como oportunidades de aprendizado e crescimento moral.
Por que Deus a uns concedeu as riquezas e o poder, e a outros, a miséria?
“Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com frequência” (KARDEC, 2022 p. 366).
O livro O Evangelho Segundo o Espiritismo reforça que “fora da Caridade não há Salvação”, o que se traduz em ações concretas de respeito, empatia e solidariedade ao próximo; respeitar os direitos do outro é uma forma de exercitar a caridade e, portanto, é essencial para o progresso Espiritual.
Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Humildade e caridade, eis o que não cessa de recomendar e o de que dá, Ele próprio, o exemplo. Orgulho e egoísmo, eis o que não se cansa de combater. E não se limita a recomendar a caridade; põe-na claramente e em termos explícitos como condição absoluta da felicidade futura (KARDEC, 2023, p. 189).
O Espiritismo valoriza os Direitos Humanos porque reconhece a dignidade inata do Espírito Imortal. A Reencarnação é um dos princípios centrais da Doutrina Espírita; através dela o Espírito tem diversas oportunidades de vivenciar diferentes papéis sociais e aprender com as experiências da vida. Isso implica que aquele que hoje ocupa uma posição privilegiada poderá, em outra existência, experimentar situações de necessidade e vice-versa. Tal entendimento aprofunda a noção de empatia e justiça social.
É Lei da Natureza a desigualdade das condições sociais?
“Não; é obra do homem e não de Deus (KARDEC, 2022, p. 364).
Perante Deus, são iguais todos os homens?
“Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis frequentemente: ‘O Sol luz para todos’ e enunciais assim uma verdade maior e mais geral do que pensais. Todos os homens estão submetidos às mesmas Leis da Natureza. Todos nascem igualmente fracos, acham-se sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Deus a nenhum homem concedeu superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte: todos, aos seus olhos, são iguais” (KARDEC, 2022, p. 363).
Contudo, o Espiritismo não justifica a desigualdade como algo aceitável, mas como um estado transitório; o objetivo é superá-la com base no amor, na educação e na solidariedade. A mudança interior, a superação do orgulho e do egoísmo são essenciais para que o mundo também se transforme.
A igualdade, do ponto de vista Espírita, não significa que todos estejam no mesmo nível de evolução, mas que todos têm o mesmo destino, a perfeição relativa, por meio da pluralidade das existências; cada Espírito é responsável por sua jornada, mas deve também contribuir para que os demais tenham oportunidade de evoluir, isso reforça o princípio da fraternidade universal. A pobreza, o preconceito, a exclusão e a violência são feridas da sociedade que refletem o atraso moral da Humanidade, combatê-las é, ao mesmo tempo, uma ação humanitária e um imperativo espiritual.
Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”
O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos. A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores (KARDEC, 2022, p. 393).
As desigualdades existem, mas não devem ser vistas como castigos nem como justificativas para a inércia, pelo contrário, são convites ao exercício da caridade e da justiça, o Espiritismo chama cada indivíduo à responsabilidade pela construção de um mundo melhor, mais ético e fraterno, onde os Direitos Humanos sejam, de fato, respeitados. Que possamos, inspirados pela luz do Espiritismo, trabalhar pela dignidade e igualdade de todos os seres humanos, reconhecendo que a verdadeira evolução começa no coração.
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Referências:
1- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita. 2023.
2- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita. 2022.
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